domingo, 28 de julho de 2013

Enxugando os sonhos

É engraçado como a nossa ingenuidade possui um início, meio e fim...e os nossos sonhos vão juntos.
Quando somos crianças estamos construindo nossa personalidade baseada em gostos e na nossa criação. É aí que definimos nossos melhores programas de tv, se prefiro a Xuxa ou o Trem da Alegria, se prefiro Sailor Moon ou Caverna do dragão, se prefiro Prince of Pérsia ou Mario Word, se prefiro pular corda na rua ou andar de patins (olá pra criança dos anos 90), se prefiro amigos de certa idade e com determinados brinquedos. A partir daí a criança cria uma ampla cartela de gostos, atividades e pessoas, sem atribuir muitos preconceitos devido a sua ingenuidade.
Quando somos adolescentes queremos abraçar o mundo. Nosso ciclo de amizades é sempre muito maior nessa época, desenvolvemos o nosso gosto musical que por ser vasto agrega muita porcaria, não somos muito exigentes com o sexo oposto, e começamos a buscar uma profissão perfeita q muda a cada 3 meses. Somos limitados por sermos menores de idade mas livres para sonhar.
Na fase adulta fazemos uma enxugada de toda essa história.
Enxugamos o ciclo de amizades, enxugamos as musicas, enxugamos os filmes e quase nem sobram os desenhos, enxugamos nossa liberdade de sonhar. Irônico, pois na época que poderíamos ser utópicos por termos as ferramentas necessárias, preferimos criar limites, regras e padrões. Aquela música clichê "A Lista" do Oswaldo Montenegro faz todo o sentido, e todos se identificam com ela depois dos 20 anos de idade.
Ao invés de sermos astronautas nos tornamos administradores de empresa. Ao invés de colecionarmos figurinhas do Rei Lão colecionamos cupons de cartão de crédito em nossas carteiras de couro falso. Ao invés de esperarmos ansiosamente pelos desenhos da manchete, esperamos ansiosamente pelo dia de pagamento miserável. Parece que quando viramos adultos nossos objetivos mais simples são muito mais fúteis e superficiais.
Quem está certo ou quem está errado? A criança/adolescente que sonha e deseja sem limites e pudores, ou o adulto "enxugado", baseado numa filosofia de vida que talvez nem exista? Acho que ninguém está errado. O problema é que a ordem dos fatores alterou o produto.

"Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar..."

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Deve ser aquela coisa do Yin e Yang... De encontrar o equilíbrio e estar em paz com a sua criança sonhadora e com o seu adulto cheio de tarefas...
    Cultivar novos desenhos, ser desprendido com as amizades (ficar de mal pra sempre um dia e ser melhor amigo de novo no outro...ah! a facilidade do perdão infantil ^^)
    Mas também ser responsável, saber seus limites e obrigações...
    Acho que nisso, minha criança interior me fez assistir Mulan um milhão de vezes, e meu adulto interior me fez compreender a dualidade simbólica entre o bambu e a rocha, entre ser flexível e forte...

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  3. Exatamente. É sempre mais fácil sem um ou o outro, mas muito mais saudável cultivar os dois dentro de vc :)

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